Por meio de sindicatos, greves,
jornais e eventos culturais, os italianos contribuíram muito para a formação do
movimento operário brasileiro
Luigi Biondi*
Os avanços trabalhistas dos anos 1930 foram comemorados e são
facilmente associados ao governo do presidente Getúlio Vargas, que os
consagrou. Entretanto, muitas dessas conquistas eram anseios antigos da
população, e brotaram também a partir das experiências que os imigrantes
italianos trouxeram para o Brasil.
Os Emigrantes. Angiolo Tommasi, 1895
Eles vieram em grande número. As fábricas e oficinas de São Paulo
tinham em seu quadro de funcionários quase 80% de italianos em 1900. Doze anos
depois, esses trabalhadores ainda compunham 60% dos operários da indústria
têxtil do estado, constituindo boa parte da mão de obra urbana tanto na capital
quanto no interior. Da Itália, eles trouxeram a organização em grupos de ação
política e sindical, ou ajudaram a fundar no Brasil essas agremiações com
outros imigrantes e brasileiros. Onde os italianos eram maioria, como nas
cidades paulistas – com exceção de Santos –, o movimento operário organizado
era fortemente caracterizado por eles.
A imprensa operária que circulava no estado foi escrita sobretudo em
italiano até o início dos anos 1920. Um exemplo é o jornal Avanti!, principal
periódico socialista no Brasil e único jornal operário do país com edição
diária, de 1902 a 1908.
Assim como ocorria na terra natal, os trabalhadores se agregavam em
grupos políticos de várias tendências. Os socialistas estavam ligados ao
movimento social-democrata, coordenado pela Associação Internacional dos
Trabalhadores, a Segunda Internacional. Acreditavam na integração da ação
política de partidos operários com a atividade econômica cooperativa e de
confronto entre patrões e empregados por meio dos sindicatos. Além disso,
promoviam manifestações, práticas educativas e culturais em associações
políticas, de ensino e lazer.
Também os anarquistas atuaram valendo-se de jornais e na área da
cultura, participavam do movimento operário nos momentos de radicalização do
conflito de classe, como as greves, embora, em geral, fossem críticos dos
sindicatos e das greves parciais e a favor da ação direta dos trabalhadores.
Entre 1904 e 1912, publicaram semanalmente aquele que foi considerado o principal
jornal libertário no Brasil, La Battaglia, editado em São Paulo e distribuído
em todo o país.
Mas esses grupos não eram a maior força. Desde 1904 até o fim da
Primeira República, a principal tendência entre os trabalhadores italianos foi
o Sindicalismo Revolucionário, que unia elementos do socialismo e do
anarquismo. Seus expoentes acreditavam na organização sindical estruturada e
nas greves parciais com conquistas moderadas, porém relevantes para o dia a dia
do trabalhador. Ao mesmo tempo, tinham como objetivo final a greve geral
revolucionária, que teria iniciado uma sociedade socialista fundada nos
sindicatos.
Outro reforço importante eram as associações de socorro mútuo.
Integradas principalmente por artesãos e operários qualificados, forneciam
ajuda aos seus sócios em casos de doença e aposentadoria. Promoviam encontros,
comemorações, cursos educativos e apoio a manifestações sindicais.
E foi assim, por meio dessa cultura, que os imigrantes italianos
praticaram novas formas de organização e luta trabalhista durante a Primeira
República (1889-1930).
*Professor da
Universidade Federal de São Paulo e autor de Classe e Nação (Editora da
Unicamp, 2011).
MATÉRIA PUBLICADA NA REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, SETEMBRO DE 2011.
MATÉRIA PUBLICADA NA REVISTA DE HISTÓRIA DA BIBLIOTECA NACIONAL, SETEMBRO DE 2011.
PARA ACOMPANHAR, NADA MELHOR QUE UM DOCUMENTÁRIO DA HISTÓRIA :
DOCUMENTÁRIO: Gigantes do Brasil
SINOPSE: Em 516 anos de história brasileira, pouco e conhece sobre a vida dos grandes nomes que fizeram parte da formação econômica e social do país. Foi no início dos anos 1900 que o Brasil começa a ser uma República, um país totalmente diferente do que temos hoje, mas os bons negócios se sobressaem. A história de quatro imigrantes. Matarazzo um imigrante italiano que vem para o país construir uma vida e constrói um império. Farquhar o Norte-Americano que chega ao Brasil e tem no seu currículo a mais espetacular e impossível obra brasileira a Ferrovia Madeira Mamoré, no estado de Rondônia. O italiano Martinelli, é outro gigante que não precisa de apresentações. Andar pelo centro de São Paulo e não admirar o Edifício Martinelli e pensar em sua astucia em levantar um prédio desse em pleno século XIX é respirar ar do passado certamente. E por fim, o francês Guinle e suas obras mirabolantes por nosso território e adrenalina na veia assistindo essa série. Explorar esse mundo não está mais longe. O Canal History Channel lança e 4 episódios a história desses imigrantes que levaram o Brasil e São Paulo para frente.
ANO DE PRODUÇÃO: 2015
DURAÇÃO: 200 minutos ( 4 episódios de 50 minutos cada)
ASSISTA ONLINE:
EPISÓDIO 01 MATARAZZO: https://www.youtube.com/watch?v=7rHrjzYSjAg
EPISÓDIO 02 FARQUHAR: Uhttps://www.youtube.com/watch?v=U3-JhPVn5_U
EPISÓDIO 03 MARTINELLI: Qhttps://www.youtube.com/watch?v=ryzYE8yKOLQ
EPISÓDIO 04 GUINLE: Ahttps://www.youtube.com/watch?v=r4iIpVO07ZA
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