No Brasil, ser
criança nem sempre foi como é hoje.O que mudou na vida das crianças brasileiras
se compararmos os relatos de séculos passados com o nosso presente?O que
permanece?
Um projeto que
viaja no tempo com a história e as crianças do nosso país. Misturando na dose
certa um tema que está sempre na pauta da sociedade, a INFÂNCIA, e a
grandiosidade de ler uma história assim em quadrinhos. Nesse trabalho,
intitulado A Infância do Brasil, toda a equipe junto com o roteirista e
quadrinista José Aguiar tentam retratar através de momentos precisos da
história brasileira a vida das nossas crianças desde a colonização até os dias
recentes.
O trabalho se
divide em seis capítulos, sendo que cada parte representa um século da história
da nossa terra. O primeiro capítulo, começa no século XVI. O segundo vem com
ideias presentes no século XVII, depois temos o capítulo do século XVIII, em
seguida o do século XIX, e por fim, os dois capítulos finais retratando os
séculos XX e XXI respectivamente.
Com título Nascer,
o capítulo do século XVI, retrata a exploração sexual dos portugueses com
as índias brasileiras, junto com o nascimento de uma criança em pleno 1500,
onde se fazia alguns tipos de rituais, como amarrar na perna da mãe
partes de uma galinha, anestesiar a mesma com cachaça. Não esquecendo lógico da
preferência do pai em ter um filho homem, não só devido ao dote, mas também ao
patriarcado vivido na época.
O capítulo II, já
no século XVII, leva o nome de Trocar, onde mostra a ideia do jesuítas em
catequizar os índios, como eles mesmo falavam "garantir a salvação dessas
almas inocentes".Temos nessa parte, um importante momento de nossa
história, em que os paulistas (bandeirantes), considerados por muitos
heróis, mas a real história era de que, não passavam de homens que em busca de
dinheiro capturavam, dizimavam aldeias, povos entrando em conflito com os
nativos e os homens de Loyola, fora as doenças em que os brancos passavam para
eles e levavam a sua morte.
Delegar, é o nome
da terceira parte, em pleno século XVIII, desperta cenas fortes em nosso
imaginário, atos que acontecem até hoje, mas muito mais comum em mil setecentos
e pouco. O capítulo mostra a famigerada roda dos expostos - espécies de
barris abertos em um dos lados, que giravam em torno do seu próprio eixo. Uma
sineta anunciava o abandono. A criança era então acolhida por voluntários que
verificavam primeiro se ela já fora batizada. Em caso negativo, providenciava-se
a realização do sacramento- capítulo que marca muito a nossa história, que hoje
já é esquecido por muitos, mas até 1950, ano da desativação da última roda,
existia esse mecanismo na cidade de São Paulo. Vale ressaltar que nessa roda
eram colocadas as crianças fruto de relacionamentos extraconjugais, filhas de
mães solteiras, oriundas de famílias muito empobrecidas ou órfãs eram aquelas
deixadas aos cuidados desses voluntários.
Na parte quatro,
Reter, temos a história das crianças que vivam na época da escravidão, onde o
açoite vivia marcando as costas dos escravos, a impunidade da justiça mediante
a tanto descaço e ingratidão. Fora a elite agrária que burlava, escondia,
maquiava as leis, principalmente a do ventre livre para ter mais mão de obra
escrava em suas terras e lógico que as famílias de prestígio nas cidades não
eram incomodadas com esse ato. Como falava Nabuco sobre o
abolicionismo " a história da escravidão africana na América é um abismo
de degradação e miséria que se não pode sondar".
Em
sua penúltima parte, Responsabilizar, o quadrinho parte da época do
Governo de Getúlio Vargas, em 1942 para ser mais específico, ano em que o país
entra no eixo dos aliados e estávamos na ditadura do Estado Novo. Aqui a
situação da infância no Brasil, se modifica completamente. A criança
trabalha muito, esquece da família, dos entes queridos, prefere fumar ao
cobertor quente a noite, muitos começam a fazer isso porque o pai foi para
Guerra e a família precisa de dinheiro para sobreviver.
O último capítulo,
já no século XXI, se intitula Perpetuar. Essa parte da história deixa bem claro
o abismo que vivemos. A criança pobre e a criança de classe média ou rica vivem
em dois Brasis. Até mesmo o tratamento dado pelo seus pais.E o mais importante
como a sociedade olha para o outro, ponto muito importante nessa grande
reflexão. Pois o autor traz para dentro da história a notícia que chocou o
Brasil, da empregada doméstica que fez seu próprio parto e depois colocou a
criança em uma sacola na frente de um condomínio de alto padrão na capital
paulista. E com isso ele mostra a visão que muitas pessoas tiveram desse caso.
Inevitavelmente o
nosso país está ficando adulto, no Censo de 2000 tínhamos cerca de 30% da
população composta por jovens, com idade entre 0 e 14 anos, 10 anos depois esse
porcentual caiu para menos de 25%. Estamos crescendo, mas não significa
que temos que esquecer ou deixar de lado nossa infância e a infância de milhões
de brasileirinhos. Temos que refletir sobre nossos caminhos, nossas atitudes e
compreender de onde viemos, para não repetirmos os erros do passado. Se
queremos ser um país exemplo para outros temos que ter claro o nosso futuro
como uma nação acolhedora de jovens e não a nação que sempre explorou, usou e
nunca deu valor.
Essa obra de arte
com cultura faz a jornada de aprender sobre nossas infâncias ser muito mais
prazerosa. Além de podermos refletir sobre os erros do passado para tentar
nunca mais repetir.
IMAGEM DO PROJETO:
clique e vá direto para o trabalho.
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